O mercado de fundos imobiliários acordou na quinta-feira, 11 de dezembro de 2025, com a notícia de que a Pátria Investimentos fechou a compra de 12 FIIs da RBR Asset, adicionando R$ 8 bilhões ao seu patrimônio sob gestão. Para quem é cotista de fundos como RBRR11 ou RBRY11, o que muda na prática?
O que está sendo comprado
A transação envolve exclusivamente os fundos listados da RBR, com destaque para a carteira de crédito imobiliário. Dos R$ 8 bilhões em ativos, cerca de R$ 5 bilhões estão em fundos de papel. O restante do portfólio da RBR, que inclui fundos de desenvolvimento, infraestrutura e operações nos Estados Unidos, permanece com a gestora original.
Nenhum profissional da RBR migra para o Pátria. A equipe que vai assumir a gestão é o time de Real Estate do Pátria, liderado por Rodrigo Abbud, com mais de 50 profissionais. A RBR continua existindo como gestora independente, só que agora sem os FIIs listados.
Por que o Pátria quis esses fundos
"Essa transação tem uma componente muito importante do setor de crédito", explicou Abbud em entrevista ao Estadão. O executivo foi direto: enquanto o Ifix tem composição de aproximadamente 50% em papel e 50% em tijolo, o Pátria estava desbalanceado, com apenas 20% em fundos de papel.
Com a aquisição, a proporção muda para 34% em papel e 66% em tijolo. Ainda não é o equilíbrio do índice, mas representa um reposicionamento estratégico relevante. Para uma gestora que quer ser referência no mercado, ter presença forte em crédito imobiliário não é opcional.
O que muda para o cotista
Aqui está o ponto que mais interessa a quem tem cotas desses fundos: no curto prazo, nada muda operacionalmente. A transação deve ser concluída em aproximadamente 30 dias, segundo Abbud, e não precisa passar por assembleia de cotistas.
O que vem depois, porém, merece atenção. O Pátria deixou claro que sua estratégia é consolidar fundos, criando veículos maiores e mais líquidos. Hoje a gestora tem 20 FIIs. Com a RBR, passa para 32. Mas a meta é chegar a algo entre 10 e 15 fundos.
Portanto é provável que alguns fundos da RBR sejam incorporados a estruturas já existentes do Pátria. Para o cotista, isso pode significar troca de ticker, mudança de regulamento e, potencialmente, acesso a uma estrutura mais robusta de gestão.
O contexto de uma consolidação acelerada
O Pátria não está comprando fundos por acaso. Só em 2025, a gestora já havia adquirido a Vectis Gestão de Recursos e um portfólio de FIIs da Genial. No ano anterior, veio a compra da área de fundos imobiliários do Credit Suisse. E três anos atrás, a VBI Real Estate.
Com a RBR, o Pátria assume a posição de maior gestora de FIIs do Brasil, com cerca de R$ 38 bilhões sob gestão em mais de 30 fundos. "Assumimos a posição de maior gestora do setor, maior inclusive que aquelas que são afiliadas aos bancos", afirmou Abbud.
A própria RBR já havia sinalizado movimentação. Em julho de 2025, a gestora repassou seu portfólio de imóveis logísticos para a XP em uma transação de R$ 1,15 bilhão. No ano anterior, chegou a buscar um investidor institucional para se associar aos fundadores Ricardo Almendra e Guilherme Bueno Netto, mas o processo foi encerrado sem acordo.
O mercado de FIIs está claramente em fase de consolidação, com gestoras independentes sendo absorvidas por players maiores. Para o investidor pessoa física, isso significa menos opções de gestoras, mas potencialmente fundos maiores e mais estruturados. Se isso é bom ou ruim, só o tempo dirá.
Deixe seu comentário