XPLG11 em 2025: megafusão, dividendos e o 'colchão' de R$ 2,69 por cota

XPLG11 em 2025: megafusão, dividendos e colchão de R$ 2,69 por cota. Análise do FII, impacto da fusão e perspectivas.

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O mercado de fundos imobiliários no Brasil vive um momento de consolidação, e o XP Log (XPLG11) parece ter decidido liderar esse movimento. Negociado a R$ 102,87 (cotação de 19/11/2025), este gigante da logística não está apenas gerindo galpões; está em meio a uma transformação estrutural que envolve a absorção de portfólios inteiros de concorrentes.

Para o investidor brasileiro que busca proteção contra a inflação e renda recorrente, o cenário atual do fundo oferece uma combinação curiosa. Um desconto patrimonial na tela, uma inadimplência pontual que exige monitoramento e uma reserva de lucros acumulada que poucos pares no IFIX possuem. Vamos mergulhar nos números de novembro de 2025 para entender o que está em jogo.

Dividendos e o "segredo" da reserva acumulada

A primeira coisa que o investidor olha é o "pinga-pinga". O XPLG11 pagou R$ 0,82 por cota no dia 14 de novembro de 2025. Isso representa um Dividend Yield (DY) anualizado de 9,66% (baseado no fechamento de outubro). Nos últimos 12 meses, o retorno via proventos foi de 9,49%, isento de Imposto de Renda para pessoa física.

Porém, o dado mais importante aqui não é o que caiu na conta, e sim o que não caiu.

O fundo possui um resultado acumulado e não distribuído de R$ 2,69 por cota (considerando o caixa do NE Logistic FII, veículo 100% detido pelo XPLG11).

Imagine que você tem um inquilino que paga aluguel, mas você guarda parte do dinheiro numa conta separada para usar em meses "magros". É exatamente isso que a gestão tem em mãos. Esse valor de R$ 2,69 equivale a mais de três meses inteiros de rendimentos no patamar atual. Num Brasil volátil, esse "colchão" oferece uma previsibilidade de fluxo de caixa que é rara no setor.

A megafusão e a dinâmica do portfólio

O XPLG11 não é um fundo pequeno. Com um Patrimônio Líquido de R$ 3,30 bilhões, ele já é um gigante. No entanto, a 8ª Emissão de Cotas (com captação inicial de R$ 1,1 bilhão) é a peça-chave para uma mudança de patamar. Mas por que emitir agora?

Há um movimento tático no tabuleiro financeiro. Com as mudanças na tributação de fundos exclusivos e holdings patrimoniais, grandes investidores ("baleias" com cheques de R$ 50 a R$ 100 milhões) estão migrando capital para Fundos Imobiliários. Esses investidores não conseguem comprar esse volume no home broker sem distorcer completamente o preço da cota. A emissão funciona, portanto, como a porta de entrada para esse "dinheiro esperto" institucional.

O destino do dinheiro (Carta Marcada)

Diferente de emissões para "caixa genérico", esta oferta tem endereço certo (literalmente). Conforme o Fato Relevante, o objetivo é a aquisição de ativos estratégicos, consolidando portfólios que eram alvo de fundos como RBRL11 e RDLI11. O pipeline de aquisições inclui:

  • São Bernardo do Campo (SP): Aquisição de 100% da RDLI SBC, que controla 18 galpões logísticos.
  • Extrema (MG): O coração do e-commerce brasileiro. Compra de frações ideais de múltiplos imóveis (incluindo Fazenda Matão).
  • Hortolândia (SP): Aquisição de 100% e 90% de dois ativos logísticos relevantes na região.
  • Guarulhos (SP): Entrada no ativo SPE Brick Log Bonsucesso.

A aritmética do preço: Por que o mercado está "barato"?

  • Preço da Emissão: R$ 106,46 (já com taxas).
  • Preço de Mercado (19/11/2025): R$ 102,87.

Matematicamente, não faz sentido para o pequeno investidor subscrever a oferta pagando R$ 106,46 se ele pode comprar o mesmo ativo na tela por R$ 102,87. A emissão é destinada majoritariamente a investidores profissionais que precisam alocar grandes volumes.

O mercado secundário está oferecendo ao investidor de varejo a chance de entrar no XPLG11 pagando menos do que os grandes investidores institucionais estão aceitando pagar na emissão para levar os mesmos imóveis. É uma distorção momentânea causada pelo volume da oferta, criando uma janela de entrada com desconto.

Raio-X Operacional (Dados de Outubro/2025):

  • Vacância Física: 4,4% (controlada e saudável).
  • Inadimplência: Saltou para 6,3% da receita.

Esse salto na inadimplência (era 1,5% no mês anterior) acende um alerta, mas os detalhes importam. A gestão informou que 4,9 pontos percentuais desse total têm sinalização positiva de quitação já para a próxima semana. Ou seja, parece ser um problema de fluxo de caixa do inquilino, e não uma vacância estrutural.

A carteira é híbrida: 55% contratos típicos e 45% atípicos. Além disso, 92% dos contratos são indexados ao IPCA, garantindo a proteção contra a inflação.

Valuation: comprando tijolo com desconto?

No mercado financeiro, preço é o que você paga, valor é o que você leva. Atualmente, o Valor Patrimonial por Cota (o valor "justo" dos imóveis e caixa) é de R$ 105,97.

Como a cotação de mercado está em R$ 102,87, o fundo negocia com um P/VP de 0,97.

Isso significa que o investidor está comprando um portfólio de imóveis de alta qualidade (com inquilinos como Leroy Merlin, Renner e Mercado Livre) com um desconto de 3% sobre o valor de avaliação.

Por que o desconto?
Geralmente, durante períodos de grandes emissões de cotas (como a atual 8ª emissão), o preço de mercado tende a ficar pressionado e convergir para o preço da oferta. O mercado "segura" a valorização enquanto digere a entrada de novos recursos e ativos. Para o investidor de longo prazo, esses momentos de "cota amassada" costumam ser janelas de entrada interessantes, historicamente falando.

Liquidez e presença regional

O XPLG11 é um transatlântico na B3. A liquidez média diária é de R$ 3,05 milhões (média de 21 dias), o que garante entrada e saída fácil para qualquer investidor pessoa física. São mais de 336 mil cotistas na base.

Geograficamente, o fundo joga onde o PIB acontece:

  • São Paulo: 47,9% da ABL (Área Bruta Locável)
  • Rio Grande do Sul: 14,0%
  • Rio de Janeiro: 13,1%
  • Minas Gerais: 9,7%
  • Pernambuco: 9,6%

Perspectiva

O XPLG11 encerra 2025 em um momento de "dores do crescimento". A inadimplência de 6,3% incomoda, mas a gestão indica resolução rápida. Por outro lado, a robustez da reserva de lucros (R$ 2,69/cota) e o desconto patrimonial (P/VP 0,97) oferecem uma margem de segurança considerável.

Para quem busca exposição ao setor logístico brasileiro (que segue impulsionado pelo e-commerce) o fundo oferece um portfólio diversificado que está prestes a ficar ainda maior com as novas aquisições.

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Este artigo não representa recomendação de compra ou venda de qualquer ativo. O conteúdo tem caráter informativo e a decisão final de investimento permanece sob sua responsabilidade.