VILG11 vende 4 galpões por R$ 709,6 milhões para HGLG11 em operação estratégica

VILG11 vende 4 galpões por R$ 709,6 milhões para HGLG11.

Compartilhar:

O Vinci Logística anunciou na terça-feira (26/11) a venda de quatro ativos logísticos para o Pátria Log, em uma transação que movimenta R$ 709,6 milhões e representa cerca de 40% do patrimônio líquido do fundo. Para quem acompanha o VILG11, a notícia chegou como um movimento esperado, mas com contornos que merecem atenção.

O que foi vendido e como será pago

A operação envolve quatro imóveis que somam 199.001 m² de área bruta locável: o Fernão Dias Business Park e o CD Privalia, ambos em Extrema (MG), o Porto Canoa Log em Serra (ES) e 81% do Parque Logístico Osasco (SP).

A forma de pagamento é onde a criatividade da gestão aparece. São R$ 582,2 milhões em cotas do HGLG11 ao preço de R$ 162,22 por cota, R$ 47,4 milhões via assunção de dívida pelo comprador e R$ 80 milhões em dinheiro, mas só em novembro de 2027, com correção de 8% ao ano.

A transação foi fechada a um Cap Rate de 9,17%. Embora seja um número saudável, analistas apontam que é uma taxa elevada para a ponta vendedora (o VILG11), sugerindo que o preço foi bastante atrativo para o comprador (HGLG11) e que a Vinci priorizou a liquidez e a troca de indexadores em detrimento da maximização do valor de venda.

Por que a saída de Extrema faz sentido

Nos fóruns de investidores, a discussão sobre Extrema-MG já vinha acontecendo há meses. A região, que atraiu empresas por benefícios fiscais concedidos pelo estado de Minas Gerais, deve perder essas vantagens a partir de 2030-2032. A preocupação é legítima: quando os incentivos acabarem, haverá pressão para redução de aluguéis?

A venda de dois ativos em Extrema (Fernão Dias e CD Privalia) reduz a exposição do VILG11 a esse risco. Além disso, o movimento consolida um momento de "de-risking" do fundo, que também viu sua exposição a inquilinos mais frágeis, como a Tok&Stok, cair de 15% para cerca de 8%. Como observou um investidor: "Vendeu ativos em localizações mais arriscadas, diminuiu alavancagem, gerou lucro. Bola dentro da Vinci."

Por outro lado, o Porto Canoa Log, em Serra-ES, era considerado por muitos a "joia da coroa" do portfólio. A decisão de vendê-lo gerou debate sobre a qualidade média dos ativos remanescentes, mas a gestão claramente priorizou a reciclagem do portfólio e a redução de dívida.

Quanto o fundo vai distribuir aos cotistas

A transação gera um ganho de capital bruto de R$ 93,2 milhões, equivalente a R$ 6,22 por cota. Esse valor, porém, depende estritamente do preço de venda das cotas do HGLG11 no mercado secundário, uma vez que o lucro é apurado pelo regime de caixa. Se a cota do HGLG subir 5%, o ganho pode chegar a R$ 8,24 por cota. Se cair 5%, fica em R$ 4,36.

Vale notar que, para realizar esse lucro e distribuir os dividendos, o VILG11 precisará vender as cotas recebidas. Isso pode gerar uma pressão vendedora sobre o HGLG11, a menos que existam cláusulas de restrição de liquidez (lock-ups) que dosem essa venda ao longo do tempo.

O guidance de rendimentos foi estendido até junho de 2026, subindo da faixa de R$ 0,69 a R$ 0,74 para R$ 0,80 a R$ 0,87 por cota. Para quem tem 1.000 cotas, estamos falando de receber entre R$ 800 e R$ 870 por mês, contra os R$ 720 atuais.

A alavancagem cai, mas o trabalho não acabou

Com a cessão do CRI Fernão Dias e Privalia para o HGLG11 e a amortização extraordinária de R$ 35 milhões do CRI Alianza Park, as obrigações do fundo caem de R$ 299,6 milhões para R$ 216,2 milhões. O LTV líquido recua de 12% para 8,2%.

O desafio agora é o que fazer com os recursos. O fundo terá 30% da carteira em "futuras aquisições", ou seja, dinheiro parado que precisa virar receita. "A venda foi boa, mas o negócio total só será bom após a compra de novos ativos", observou um investidor.

O que ficar de olho daqui para frente

A gestão terá o primeiro semestre de 2026 para mostrar serviço. Precisa vender as cotas do HGLG11 gradualmente, sem derrubar o preço, e encontrar ativos de qualidade nos principais mercados logísticos do país.

Há aqui um paradoxo de timing importante: para lucrar na venda das cotas do HGLG, o VILG11 precisa que o mercado imobiliário suba. Porém, se o mercado aquecer, os novos imóveis que o fundo pretende comprar também ficarão mais caros, dificultando a reciclagem do capital com spread positivo.

A cota do VILG11, que negocia com desconto de 18,5% sobre o valor patrimonial de R$ 113,43, pode reagir se a execução for bem-sucedida. Para o cotista, os dividendos devem subir no curto prazo, mas a qualidade e o preço da próxima compra vão definir se essa foi uma jogada de mestre ou apenas uma troca de problemas.

Quer receber alertas dos seus fundos imobiliários?

Fique por dentro de dividendos, relatórios e fatos relevantes.

Assinar alertas por e-mail

Comentários

0 comentários

Seja o primeiro a comentar! Compartilhe sua opinião.

Deixe seu comentário

Campos obrigatórios.

Este artigo não representa recomendação de compra ou venda de qualquer ativo. O conteúdo tem caráter informativo e a decisão final de investimento permanece sob sua responsabilidade.

Leia também

Mais artigos

Ver todos os artigos →