O KORE11, fundo de lajes corporativas gerido pela Kinea, segue no radar de investidores no Brasil, principalmente pelo seu alto dividendo atual. O relatório de outubro de 2025 trouxe novidades operacionais positivas, mas também reforçou um ponto importante, a mudança estrutural na distribuição de rendimentos prevista para o início de 2026. Vamos analisar os dados.
Com uma gestão ativa, o fundo mostra avanços na ocupação de seu portfólio, mas o mercado parece já precificar a anunciada normalização dos dividendos.
Nova locação reduz vacância do KORE11
A principal notícia do mês foi a locação de 935 m² no edifício Centro Empresarial Botafogo, no Rio de Janeiro, para a Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP). Para quem acompanha o setor, a entrada de um inquilino do setor de educação em um prédio corporativo é um sinal da versatilidade e da boa localização do ativo.
Essa movimentação teve um impacto direto e positivo nos indicadores do fundo:
- Vacância Física: Caiu de 3,96% em setembro para 2,37% em outubro de 2025.
- Vacância Financeira: Reduziu de 4,81% para 2,68% no mesmo período.
Essa redução da vacância é um feito relevante, mostrando que a gestão está conseguindo comercializar seus espaços mesmo em um mercado competitivo.
O dividendo de R$ 1,25: o que muda em dezembro?
O KORE11 anunciou a distribuição de R$ 1,25 por cota referente a outubro, a ser paga em 14 de novembro de 2025. Este patamar de rendimento, que resulta em um expressivo dividend yield de 22,03% nos últimos 12 meses (baseado na cotação de R$ 68,09 em 05/11/2025), tem uma data para mudar.
A gestão reforçou o que já vinha comunicando: em dezembro de 2025, o fundo usará o dinheiro em caixa para pagar a última parcela da aquisição de seus imóveis. Essa operação tem duas consequências diretas:
- O fim da robusta receita financeira gerada pela aplicação desse caixa.
- A redução do saldo de Renda Mínima Garantida (RMG).
Com isso, a expectativa é que o dividendo anual se estabilize entre R$ 7,20 e R$ 7,56 por cota, o que equivale a uma faixa mensal de R$ 0,60 a R$ 0,63. Essa mudança explica por que o fundo negocia com um P/VP de 0,64, com a cota de mercado a R$ 68,09 e a patrimonial a R$ 105,90. O mercado já está de olho no rendimento futuro, não no atual.
Por dentro dos números: receita financeira e RMG
O fundo gerou R$ 8,72 milhões em receitas de aluguel, mas somou a isso R$ 4,30 milhões de receita financeira. Essa receita adicional, que representa quase 50% da receita imobiliária, deixará de existir.
Além disso, o fundo ainda possui um saldo de RMG de R$ 19,8 milhões, tendo consumido R$ 2,8 milhões em outubro. A projeção de R$ 0,60 a R$ 0,63 por cota já considera o consumo do restante dessa reserva. Um investidor atento notaria que, após o esgotamento total da RMG, o rendimento dependerá exclusivamente da performance operacional dos imóveis.
Contexto de mercado
Apesar do ajuste nos dividendos, o cenário externo para lajes corporativas é positivo. O relatório do KORE11 destaca que o 3º trimestre de 2025 foi de recuperação para os principais mercados do país:
- São Paulo: A taxa de vacância caiu para 17,47%, o menor nível desde 2020.
- Rio de Janeiro: A vacância recuou para 26,69%, o patamar mais baixo dos últimos nove anos.
Esse ambiente de maior demanda e menor oferta de espaços beneficia diretamente o portfólio do KORE11, composto por quatro edifícios em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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