KNHY11: desvio de finalidade no CRI Camaçari, que representa 3,3% do FII

Saiba mais sobre o evento de desvio de finalidade no CRI Camaçari do KNHY11, que representa 3,3% do FII.

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O Kinea High Yield (KNHY11), um dos conhecidos fundos de papel da gestora Kinea no mercado brasileiro, virou notícia após a gestora identificar irregularidades em um de seus ativos. Para o investidor, é o momento de entender o que aconteceu, os números envolvidos e as medidas que estão sendo tomadas.

O que aconteceu com o KNHY11?

Em comunicado ao mercado no dia 06 de novembro de 2025, a Kinea informou ter identificado "indícios de irregularidades na destinação de recursos" de um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) em sua carteira. O ativo em questão é o CRI Camaçari, cuja dívida é da Galoppo Gestão de Recursos Ltda, gestora do fundo devedor (que atua através do FII ETT Bluecap, antigo nome da gestora, e da SPE Camaçari Desenvolvimento Logístico Ltda).

Segundo notícias veiculadas, a suspeita é de que R$ 26,3 milhões, que deveriam financiar a construção de um galpão logístico na Bahia, teriam sido direcionados para outros fins. A Kinea alega que parte desses fundos foi alocada a outras SPEs de FIIs geridos pela própria Galoppo, e outra parte (cerca de R$ 7,2 milhões) teria sido usada para pagamentos a empresas controladas pelos sócios da Galoppo, a título de "taxa de estruturação".

Como resposta, a Kinea solicitou o vencimento antecipado da dívida, uma medida contratual para proteger o credor. Em notificação enviada à Galoppo, a Kinea teria classificado a conduta como passível de "repercussões regulatórias e até criminais".

Um detalhe técnico: o CRI estava em período de carência e ainda não havia iniciado os pagamentos de juros. Portanto, não se trata de um calote por falta de pagamento, mas de uma quebra de cláusulas contratuais (covenants), que levou a gestora a agir preventivamente.

O CRI Camaçari

O ativo é o CRI "BLOG - CD Camaçari", que, segundo o relatório gerencial de setembro de 2025, possuía as seguintes características (sendo parte de uma emissão total de R$ 127 milhões, emitida pela Opea):

  • Representatividade: 3,3% do patrimônio líquido do KNHY11.
  • Saldo no fundo: R$ 105,4 milhões.
  • Taxa (MTM): IPCA + 12,03% a.a.

Considerando o patrimônio líquido do KNHY11 de R$ 3,04 bilhões na mesma data, a exposição é relevante, mas não majoritária. O fundo é classificado como high yield, o que significa que busca taxas mais altas, assumindo um risco de crédito correspondentemente maior.

As garantias e a posição da Kinea

Há risco de perda? No comunicado, a Kinea afirmou que "o CRI Camaçari conta com garantias devidamente constituídas, cujos valores superam o montante financiado pelo Fundo". A gestora declarou ainda que "não espera que o referido ativo ocasione prejuízos para o Fundo".

O relatório do KNHY11 detalha um robusto pacote de garantias para esta operação, que inclui:

  • Alienação Fiduciária do terreno do projeto.
  • Alienação Fiduciária de um imóvel já concluído.
  • Cessão Fiduciária de recebíveis de aluguel.
  • Alienação Fiduciária de cotas de SPE e de FII.
  • Fundo de Reserva.

A existência de um "imóvel concluído" como garantia adicional é um ponto forte, pois representa um ativo tangível e de maior liquidez que pode ser executado para cobrir a dívida, diferentemente de um projeto ainda em obras.

Contexto de mercado e próximos passos

Eventos de crédito como este, embora indesejados, fazem parte da dinâmica de fundos de papel, especialmente os de perfil high yield. O que eleva a atenção sobre este caso é o histórico da gestora devedora, a Galoppo (antiga BlueCap).

Em 2022, a empresa já havia protagonizado uma severa crise de confiança com seus próprios investidores. Naquele ano, cotistas de seu principal FII (o BLCP11) aprovaram em assembleia, por 72% dos votos, a incorporação do fundo pelo BTLG11 (do BTG). Foi, na prática, um voto em massa de "não confiança" que removeu a gestão do fundo das mãos da BlueCap, apesar das tentativas da gestora de bloquear a votação na justiça.

Em contraste com esse histórico, a atuação da Kinea, gestora do KNHY11, ao comunicar o problema de forma rápida e transparente é um fator positivo. Para os cotistas do KNHY11, resta agora acompanhar os desdobramentos, que envolvem a execução das garantias e a recuperação dos valores. O impacto real sobre os dividendos futuros do fundo dependerá do sucesso e da velocidade desse processo.

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