O IRDM11 encerrou oficialmente suas atividades. Quem tinha cotas do fundo de recebíveis da Iridium agora é cotista do IRIM11, um fundo multiestratégia da mesma gestora. A migração, aprovada em outubro de 2025, foi concluída em 27 de novembro, e os valores já estão sendo creditados nas contas dos investidores. Mas quanto cada cotista vai receber? E como fica a situação fiscal? Vamos aos números.
O que cada cotista recebe na prática
Para cada cota do IRDM11, o investidor recebe um total de R$ 78,09 dividido em duas partes: R$ 73,79 em cotas do IRIM11 e R$ 4,31 em dinheiro. A proporção de troca ficou em 0,884794245 cotas do novo fundo para cada cota antiga.
Na prática, quem tinha 100 cotas do IRDM11 vai receber 88 cotas do IRIM11 (a parte inteira) mais uma fração de 0,48 cota. Essa fração será vendida em leilão na B3, e o valor líquido será depositado na conta do investidor posteriormente. As datas do leilão ainda serão divulgadas.
Cronograma de pagamentos
Os recibos de cotas do IRIM11 foram entregues em 2 de dezembro de 2025. Se você olhar sua carteira na corretora, provavelmente já está vendo algo como "IRIM15" ou similar, que representa esses recibos. A conversão para IRIM11 definitivo deve ocorrer em breve.
Já a parcela em dinheiro, os R$ 4,31 por cota, será paga em 9 de dezembro de 2025. Mas atenção: esse valor pode vir menor do que o esperado, dependendo da sua situação tributária.
A questão do imposto de renda
Aqui está o ponto que pegou muita gente de surpresa. A operação de liquidação do IRDM11 é tratada como uma venda para fins fiscais. Isso significa que, se você teve lucro (diferença positiva entre o valor recebido e seu custo de aquisição), há incidência de 20% de imposto de renda retido na fonte.
O valor total recebido por cota para fins de cálculo é R$ 78,09. Se seu preço médio de aquisição era menor que isso, você teve lucro tributável. O imposto será descontado diretamente da parcela em dinheiro.
E quem não informou o preço médio? O administrador usou R$ 57,04 como custo de aquisição, que corresponde à menor cotação histórica do IRDM11 na B3. Resultado: imposto maior do que deveria para quem comprou acima desse valor e não enviou a declaração a tempo.
Prejuízo "travado" e frações (análise de André Bacci)
Sobre essa tributação, o analista André Bacci aponta um detalhe técnico cruel: a liquidação do IRDM11 é considerada de tributação definitiva na fonte. Isso significa que, se você saiu no prejuízo (seu preço médio era alto), infelizmente não poderá usar esse prejuízo para abater lucros de outros FIIs na sua declaração mensal. O prejuízo "morre" na operação.
Porém, Bacci ressalta que a venda das frações (aqueles 0,48 cota do nosso exemplo) será um evento separado. Como o custo atribuído da fração é alto (R$ 83,39) e o valor de mercado atual é menor, o leilão dessa sobra provavelmente gerará um pequeno prejuízo contábil (centavos ou poucos reais). Diferente da liquidação, esse pequeno prejuízo da fração poderá ser compensado futuramente.
O novo custo de aquisição do IRIM11
Para quem recebeu cotas do IRIM11, o custo de aquisição a ser registrado na planilha de controle é R$ 83,39 por cota, independentemente do preço médio que você tinha no IRDM11. Esse é o valor patrimonial do IRIM11 em 31 de outubro de 2025, conforme definido no fato relevante.
Não confie no valor que sua corretora mostrar. Algumas estão exibindo custo zero, outras fazem cálculos incorretos. O valor oficial para fins fiscais é R$ 83,39 por cota do IRIM11. O analista André Bacci reforça que sistemas automáticos tendem a importar o recibo IRIM15 zerado, portanto o investidor deve ignorar o custo exibido na corretora (que é apenas informativo e costuma estar errado) e manter seu controle pessoal atualizado com o valor correto.
Dois fundos, perfis diferentes
Vale lembrar que o IRIM11 tem características distintas do antigo IRDM11. Enquanto o IRDM11 era classificado como fundo de papel focado em CRIs, o IRIM11 é um fundo multiestratégia. A carteira atual do IRIM11 tem 95,25% em CRIs e 4,75% em outros FIIs, com patrimônio de R$ 160 milhões e cerca de 2.920 cotistas.
O IRDM11 era bem maior, com quase R$ 3 bilhões em patrimônio e 258 mil cotistas. Com a incorporação, o IRIM11 deve crescer significativamente.
O que acompanhar daqui para frente
Para quem agora é cotista do IRIM11, o próximo passo é aguardar a conversão dos recibos em cotas definitivas e ficar atento ao leilão das frações. Também vale acompanhar como a gestora vai administrar a carteira ampliada do fundo.
Quem teve imposto retido maior do que deveria por não ter informado o preço médio pode tentar a restituição via declaração de imposto de renda, mas o processo exige documentação e paciência. O administrador deixou claro que não fará ajustes posteriores.
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