A análise do relatório de outubro de 2025 do Fundo de Investimento Imobiliário Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) revela desdobramentos importantes em relação ao mês anterior, marcados principalmente pelo conflito entre a gestora e o administrador. O principal destaque é a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para deliberar sobre a substituição do administrador, Banco Daycoval, pela BRL Trust. A convocação partiu de cotistas e a gestora esclarece que, se aprovada, a mudança não alterará a remuneração das partes. Esta convocação ocorre em um contexto de divergência pública, onde a gestora critica o administrador por uma nova prática contábil. No relatório de outubro, a gestora aponta que o administrador passou a registrar no balanço R$ 22,2 milhões em CRIs subscritos mas ainda não integralizados (desembolsos futuros), o que, na visão da gestora, distorce as demonstrações financeiras e deveria ser tratado apenas em nota explicativa.
Em continuidade aos eventos de setembro, quando o administrador reprecificou quatro CRIs (Santo André, Itaparica, Savoie e Real Park) causando um impacto negativo de 18,2% na cota patrimonial, a gestora apresentou os resultados da avaliação independente contratada junto à Binswanger Brasil. A gestora afirma que os laudos corroboram suas premissas, reforçando os valores de VGV projetado e de avaliação dos terrenos, em oposição à marcação do administrador. Para os ativos na Bahia (Santo André, Viva Itaparica e Savoie), o relatório confirma a nova gestão dos projetos pela Kahhu Incorporadora (Grupo SIAN), que revisou os empreendimentos, resultando em um acréscimo de VGV de aproximadamente R$ 537 milhões. Em termos de avanços, o projeto do CRI Viva (Itaparica) teve seu modificativo aprovado pela prefeitura, e a demolição no terreno do CRI Savoie foi finalizada.
O dividendo distribuído em outubro foi de R$ 1,32 por cota, uma ligeira redução frente aos R$ 1,33 do mês anterior, porém dentro do guidance semestral de R$ 1,30 a R$ 1,40, que foi mantido pela gestão. A cota de mercado apresentou recuperação, fechando o mês em R$ 77,22, ante R$ 75,05 em setembro, fazendo com que a relação preço/valor patrimonial (P/VP) subisse de 98% para 102,7%. A liquidez média diária, contudo, reduziu drasticamente de R$ 6,3 milhões em setembro, mês de alta volatilidade, para R$ 1,6 milhões em outubro.
A gestão continuou a sua estratégia de destravar ganhos via mercado secundário, realizando vendas parciais dos CRIs Viva, Savoie, Alto Lindoia e Station. Essa movimentação, somada a amortizações, contribuiu para a redução do saldo de correção monetária acumulada (não caixa) de R$ 0,89 por cota em setembro para R$ 0,80 por cota em outubro. Nos empreendimentos, houve avanços nas obras dos CRIs Station (para 91,00%), Alto Lindóia (para 20,86%), Real Park (para 4,16%) e Mallorca (para 14,12%), além da venda de uma unidade que compunha uma garantia adicional do CRI La Maison.